quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

 
Antonio de Padua Mello, ex- morador do bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia/SP(FOTO:LEANDRO FERREIRA/AAN

Fique por Dentro
12 de dezembro de 2007
Caso Shell: câncer já fez 15 vítimas
Número de casos da doença entre ex-moradores do bairro Recanto dos Pássaros supera em 37 vezes a média paulista

Marcelo Andriotti

DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

marcelo.andriotti@rac.com.br


Uma das principais estratégias de defesa das empresas que provocaram contaminações na região de Campinas é admitir que solo, subsolo e lençol freático foram afetados por substâncias químicas, mas ao mesmo tempo contestar a relação delas com doenças que tenham surgido ou possam se manifestar em ex-trabalhadores e moradores de áreas atingidas. Mas há evidências que comprovam haver uma relação de direta da contaminação com doenças.

De um grupo de 130 ex-moradores do bairro Recanto dos Pássaros, contaminado pela Shell em Paulínia, há 15 casos de pessoas que morreram por causa de câncer ou estão com a doença segundo levantamento feito para a quarta reportagem da série do Correio sobre contaminação.
O levantamento foi feito pelo ex-morador Antônio de Pádua Mello, que afirma ter sido constatado nas pessoas que passaram por exames até sete diferentes produtos que contaminaram a região onde moravam.

Essa estatística significa uma média de 11,5 casos de câncer a cada 100 pessoas. “Não é normal ocorrer tantos casos. É claro que alguma coisa errada havia na fábrica”, disse Mello.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a média prevista no Estado de São Paulo é de 327 para cada 100 mil homens e 306 para cada 100 mil mulheres.
Isso dá uma média de 0,32 caso a cada 100 em para homens e 0,3 em cada 100 na população feminina.
Ou seja, entre os moradores do Recanto dos Pássaros a média é 37 vezes maior.
Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) está pedindo que a Shell e Basf paguem uma indenização de R$ 620 milhões para custear equipamentos e laboratórios para atendimento das vítimas como forma de ressarcir os gasto do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de ex-funcionários e ex-moradores do Recanto dos Pássaros.
No pedido de tutela antecipada,
a Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região também pede que as empresas sejam obrigadas a contratar um plano de saúde vitalício, com ampla cobertura,
para todos os trabalhadores expostos aos riscos de contaminação,
incluindo-se aqueles que desempenhavam suas atividades no Recanto dos Pássaros.
Uma primeira audiência foi realizada em maio, mas as empresas recorreram e conseguiram adiar a decisão da Justiça.

O caso continua sendo avaliado e outras audiências serão realizadas.
A Procuradoria do Trabalho apresenta os resultados de exames para sustentar sua reivindicação.
Avaliações na população realizadas em 2001 indicaram que 156 pessoas — 86% dos moradores do bairro —, apresentavam pelo menos um tipo de resíduo tóxico no organismo.

Desses, 88 apresentam intoxicação crônica, 59 tinham tumores hepáticos e da tireóide e 72 estavam contaminados por drins.

Das 50 crianças avaliadas, que na época tinham até 15 anos, 27 manifestavam um quadro de contaminação crônica.
Paulo Souza, ex-morador do bairro e atual secretário de
Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Paulínia
disse que antes de serem notificados do problema da contaminação, começaram a perceber que havia algo errado. “Eu colocava cloro na minha piscina e a água ficava preta.
Depois apareceu gente da empresa dizendo para não comermos o que era produzido nas chácaras e não beber a água.
Mesmo assim, eles não admitem que a gente estava sendo contaminado”, afirma.
O NÚMERO
620 MILHÕES DE REAIS É o valor da indenização pedido pelo Ministério Público do Trabalho para a Shell e Basf custearem tratamentos de saúde.


Plano inédito monitora Mansões de Sto. Antônio


Trabalho é desenvolvido pelo Ministério da Saúde junto com a Prefeitura de Campinas
Um trabalho pioneiro está sendo desenvolvido por meio de uma parceria Ministério da Saúde com a Prefeitura de Campinas diretamente com a população exposta à contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio. A área foi contaminada por produtos químicos da fábrica Proquima, que funcionou no local de 1973 a 1996.
Segundo Janete de Prado Alves Navarro, sanitarista e coordenadora da Vigilância de Saúde Ambiental de Campinas, o projeto está sendo implantado desde o ano passado e pretende criar procedimentos para tratar casos de contaminação em todo o País.
“Estamos definindo quais são as competências de cada órgão envolvido, identificando as pessoas que moram ou trabalharam na área, capacitando profissionais sobre como comunicar a população nesses casos sem criar pânico ou prejudicar os contaminados e criando um protocolo de acompanhamento”, disse.
Esse protocolo define quais os contaminantes identificados que podem causar problemas à saúde, o que fazer para acompanhar as pessoas afetadas, quais exames elas devem fazer, a cada quanto tempo devem ser avaliadas e o que é necessário para garantir tratamento.
“Muitas doenças podem se manifestar só dentro de 15 ou 20 anos. Por isso, estamos discutindo a gestão da saúde, como melhorar a capacidade de atendimento, os exames e equipamentos para tratar esses casos”, afirma. Até pedidos de verbas para garantir esse atendimento estão sendo feito agora ao governo federal.
O método de investigação que avalia o histórico da ocorrência e as implicações na saúde tem como base a metodologia norte-americana da Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR), que dimensiona o risco e controla a exposição humana aos contaminantes ambientais.
O objetivo do governo federal ao desenvolver esse programa em Campinas é estabelecer um protocolo brasileiro de investigação de áreas contaminadas por produtos químicos e das populações expostas. Além da área das Mansões Santo Antônio, outras quatro áreas localizadas em diferentes cidades brasileiras estão incluídas no projeto piloto.
Um dos maiores desafios encontrados pelo grupo em Campinas é a forma de abordagem com a população afetada e a identificação de seus interesses e temores. No caso do Mansões, o primeiro temor dos moradores foi com a perda financeira por causa da desvalorização dos imóveis. Muitos ex-trabalhadores contaminados na construção também têm problemas para conseguir empregos depois que o caso virou público.
Essa resistência é comum em casos de contaminação. Paulo Souza, que foi um dos primeiros a denunciar o caso de contaminação no Recanto dos Pássaros, em Paulínia, diz que no início enfrentou a revolta dos caseiros que temiam perder seus empregos nas chácaras. Mas depois que diversos trabalhadores começaram a morrer jovens, eles perceberam a gravidade do caso.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

 

"NUM" FALO, "NUM" FALO, "NUM" FALO!!!!


Publicada em 9/12/2007
Cidades
Caso Shell: famílias continuam em hotel
Há mais de quatro anos, ex-moradores de chácaras contaminadas por pesticidas vivem sem qualquer perspectiva e privacidade

Marcelo Andriotti DA AGÊNCIA ANHANGÜERA mailto:ANHANGÜERAmarcelo.andriotti@rac.com.br
Antonia acorda todas as noites há quatro anos e meio no quarto do hotel onde mora com sua família em Paulínia. Seu sono é interrompido pelos rugidos do leão do zoológico que funciona no bosque ao lado. Ela está acostumada com os lamentos noturnos do animal e não se incomoda em ser acordada. “O que me deixa triste toda vez que o ouço é perceber que eu e ele passamos pela mesma situação.
Vivíamos em liberdade, no meio da natureza, e hoje estamos enjaulados sem ter feito nada para merecer isso”, diz. Antonia Pelegrini é uma das ex-moradoras do bairro Recanto dos Pássaros, contaminado por uma fábrica da Shell, tema que abre uma série de reportagens que o Correio publica a partir de hoje.
A família de Antonia é uma das duas que desde 2003 vive no hotel de Paulínia com despesas custeadas pela empresa.
Em 2001, a multinacional começou a comprar chácaras do bairro afetado pela contaminação. Em 2003, todos os moradores que ainda viviam no local foram transferidos de suas chácaras por ordem da Justiça com gastos pagos pela Shell, muitas delas indo para o hotel.
A empresa admitiu que contaminou a área por meio de uma autodenúncia após detectar contaminação em uma área interna em 1993, quando fez uma avaliação para vender sua unidade de agrotóxicos. Mas ela não admite ter contaminado seus ex-funcionários e nem os ex-moradores.
Os exames e diagnósticos feitos pelo toxicologista Igor Vassilieff não são aceitos pela Shell e o caso se arrasta na Justiça.
O especialista detectou a presença de metais pesados e organoclorados, substâncias usadas na fabricação de pesticidas, no organismo dos moradores.
Enquanto isso, ex-proprietários, caseiros que trabalhavam nas chácaras e ex-funcionários vivem um calvário marcado por humilhações, privações e o medo constante de estarem desenvolvendo doenças causadas pela contaminação que a multinacional não admite existir.Antonia viu os filhos crescerem e o marido morrer no período em que está no hotel. Hoje, os filhos têm 11, 15 e 24 anos e mal podem receber os amigos no local onde moram. “Por melhor que seja o hotel, você não pode receber amigos e familiares como se fosse sua casa.
Só tenho um pouco de privacidade dentro do quarto. Ao abrir a porta e pisar no corredor, já estou em um local público”, diz.
Os filhos não têm onde brincar com os amigos ou namorar. A vontade de fazer um lanche de noite, coisa corriqueira para quem mora em casa, pode se transformar em um transtorno. É preciso se vestir e se arrumar para descer até o restaurante pegar algo.
Para driblar esse problema, Antonia tem um microondas dentro do quarto e guarda comida.
Vale
Situação bem diferente ela vivia cinco anos atrás, quando morava na propriedade de 20 alqueires que a família de seu marido comprou na década de 60. A região do bairro era zona rural, um vale onde viviam pequenos produtores.
Em 1977, a Shell instalou na região sua fábrica de agrotóxicos.
Valdemar Labello, marido de Antonia, estava com câncer na bexiga e morreu vítima de complicações cardíacas em 2005. Não está comprovada a ligação da contaminação com a doença. Ele criava gado e tinha um pequeno comércio na chácara. O sonho do casal era criar os filhos no meio da natureza, com muita saúde, tranqüilidade e espaço. Quando apareceram funcionários da empresa levando água e pedindo para que não bebessem mais o que retiravam dos poços e aconselhando a não comer ou comercializar o que produziam por lá, o casal começou a perceber que o sonho estava se tornando um pesadelo.
Após 2003, ao saírem da propriedade, precisaram vender o gado, o cavalo, fechar o comércio.Os cães e o gato foram levados para um canil. Os móveis e outros pertences, guardados em um barracão até que uma nova casa ou chácara seja comprada.
Antonia não entende por que a Shell paga todas essas despesas mensais e não aluga uma casa ou chácara, que ficaria muito mais barato para a empresa e muito mais aconchegante e humano para a família. “O que mais incomoda é a insegurança e a dúvida sobre o futuro causadas pelo situação que vivemos aqui”, afirma.
Ressarcimento
Antonia quer ser ressarcida pela propriedade que perdeu e pelo lucro cessante, levando em consideração que a família vivia da renda gerada pela propriedade rural. Também quer indenização por danos morais e garantia de acompanhamento médico. Por isso, não aceitou a proposta inicial feita pela Shell.
A outra moradora que está com sua família no hotel vive a mesma situação. Mas prefere não falar com a imprensa. Cansou até de dar entrevistas sobre o caso e sua situação. (é ieu!!!)
SAIBA MAIS
Em 2001, o Correio Popular conquistou o Prêmio Esso com a série de reportagens Contaminação em Paulínia, produzida pelos repórteres Mário Rossit e Marcelo Villa, sobre os graves danos ambientais e à saúde dos moradores do bairro Recanto dos Pássaros, causados pelo vazamento de pesticidas da antiga fábrica da Shell entre os anos 70 e 90.
Entre as reportagens da série, o jornal detalhou o resultado dos exames toxicológicos que apontaram a contaminação de 153 moradores das chácaras do Recanto dos Pássaros com drins, produtos cancerígenos manipulados pela Shell.
A reportagem relatou o drama humano de moradores que já haviam desenvolvido tumores e passavam por tratamentos de saúde.
Caseiros e proprietários enumeram dificuldades
Os caseiros e pequenos proprietários que fizeram acordo com a Shell para deixar o Recanto dos Pássaros estão passando necessidades. Os que tinham famílias de até cinco pessoas receberam R$ 25 mil para comprar uma casa e os com mais de cinco, R$ 30 mil. Com isso, conseguiram apenas casas muito modestas e precisaram colocar mais dinheiro para fazer o negócio.
Quando moravam nas chácaras, eles tinha uma renda mensal de cerca de R$ 800,00, além de casa, luz e água de graça e os alimentos garantidos pelo plantio e criações.
Também não pagavam o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Muitos deles tomavam conta das chácaras e trabalhavam meio período fora.
Com a mudança, passaram a ter mais gastos e dificuldades para conseguir empregos.
Lúcia Aparecida do Nascimento, Claudomiro de Oliveira, José Francisco do Nascimento, Maria Aparecida Bueno de Souza e Jovair Souza vivem essa situação.
Os irmãos Clóvis Rodrigues Bueno e Benedito Aparecido Rodrigues Bueno eram proprietários. Eles receberam R$ 67 mil pela chácara de 1.945 metros quadrados. Também perderam a fonte de renda e, com o dinheiro, compraram duas casinhas e colocaram dinheiro do bolso.
Reunidos em uma casa no Nosso Teto, bairro popular de Paulínia, eles contaram as mesmas histórias de doenças e dificuldade em conseguir trabalho.
Muitas das crianças têm problemas como dor de barriga e outras doenças desde o nascimento. Muitos casos de câncer e doenças de pele são relatados por eles.
Tratamento
Eles tiveram tratamento médico de especialistas por poucos meses depois que saíram do bairro, que foram bancados pela Prefeitura de Paulínia. Com a Shell, eles continuam brigando na Justiça para conseguir custeio para tratamento médico.Os tratamentos realizados pelo toxicologista Igor Vassilieff foram interrompidos e eles não recebem mais medicamentos. As consultas e tratamentos são feitos em postos de saúde e não há atendimento por especialistas.
Novas perícias que deveriam ser feitas por ordem judicial foram canceladas duas vezes.Para conseguir emprego, eles dizem enfrentar preconceito pelo fato de terem morado no Recanto dos Pássaros.
Muitos empregadores querem evitar os ex-moradores por acreditar que eles terão a produtividade afetada pelos problemas de saúde. (MA/AAN)
Multinacional nega contaminação humana
A Shell não respondeu por que mantém as famílias hospedadas em hotel e não em casas ou chácaras, o que seria mais barato para a empresa e confortável para os ex-moradores.
Segundo comunicado da multinacional, “Os valores sobre remoção, bem como de negociações entre a Shell e ex-moradores do Recanto dos Pássaros são assuntos particulares e, dessa forma, não são divulgados pela empresa ... (a empresa) sempre buscou entendimento com as famílias hospedadas no hotel.
No entanto, diante das negativas recorrentes às diferentes propostas apresentadas pela empresa o assunto se encontra, atualmente, sob mediação do Judiciário”.
A multinacional também afirma que fez exames de sangue em 159 moradores e ex-moradores em laboratórios no Brasil e no Exterior, e que não há evidência de pessoas intoxicadas.
Os resultados foram apresentados, de acordo com a empresa, a especialistas em toxicologia, que confirmaram a inexistência de evidências de doenças relacionadas com a contaminação ambiental
Quanto ao relatório de saúde apresentado pela Prefeitura de Paulínia, a Shell encaminhou para a análise de especialistas que apontaram erros de metodologia, processos e interpretação. Por isso, o trabalho está sendo contestado na Justiça pela multinacional.
Informa ainda que não é possível afirmar que trabalhadores estejam contaminados pelo fato de terem trabalhado em uma instalação onde foi detectada uma contaminação do solo em área restrita.
A empresa de agrotóxicos da Shell foi implantada em Paulínia em 1977. Em 1993, durante auditoria para a venda da unidade para a American Cyanamid foi feita a autodenúncia.
A partir de 2000, a unidade passou a ser ocupada pela Basf, que também responde a processos de ex-trabalhadores por supostas contaminações.
Os planos de recuperação ambiental do bairro prosseguem com uma barreira hidráulica e uma estação de tratamento de águas subterrâneas em pleno funcionamento.
A prioridade da Shell é dar continuidade à recuperação ambiental daquela área onde funcionou sua antiga fábrica.
Os projetos de remediação são constantemente apresentados pela empresa às autoridades competentes, segundo informou a empresa.
As análises ambientais e de risco realizadas pela Shell, baseadas em modelos internacionais, apontam para a inexistência de risco à saúde se observada a restrição ao consumo e uso das águas subterrâneas. (MA/AAN)
Orgulho de ver o progresso chegar deu lugar à depressão
Muitos ex-moradores que viviam no hotel não agüentaram os inconvenientes, a impessoalidade e o desconforto de viver fora de sua própria casa.
Antônio de Pádua Mello morou no hotel até pouco mais de dois anos, quando sentiu que estava tendo ataques cada vez mais fortes causados por uma insuficiência respiratória.
A vida no hotel o deixava cada vez mais deprimido e ansioso, o que agrava seu estado de saúde e levou a várias internações.“Chegava no hospital quase morto. Precisava sair de lá se quisesse continuar vivendo”, afirma Mello. Em setembro de 2004, a Shell chamou seu advogado para negociar. Sua chácara foi avaliada em R$ 670 mil e ele pediu R$ 400 mil para vendê-la à multinacional.
A empresa disse que pagaria, desde que ele retirasse todas as ações judiciais. Mello recusou, mas, passado algum tempo e com sua saúde piorando, acabou aceitando.“Tive a ilusão que saindo de lá iria esquecer da história ruim e melhorar da minha depressão. Mas continuei mal, nem consigo sair e ir para o Centro de Campinas ver familiares”, diz Mello. Ele comprou uma casa em Barão Geraldo e vive com a mulher, um filho, nora e neta. Por um período, a filha e o genro também moraram com ele.Mas nada se compara com o período em que vivia na chácara com toda a família: três filhos, cinco netos, a mulher e a sogra.
Quando ele viu a Shell se instalando no local, não foi contra. “Fiquei até orgulhoso de ser vizinho de uma multinacional. Era o progresso chegando”, lembra.Mas quando começou a poluição, com o mau cheiro invadindo sua casa ele viu que o progresso poderia cobrar um preço muito alto. “O incinerador da fábrica era obsoleto e o cheiro era insuportável. Precisava colocar ventiladores dentro de casa voltados para a janela”, diz Mello.Ex-gerente de uma rede de lojas aposentado, Mello recebe aposentadoria de R$ 1.150,00 e precisa gastar parte do dinheiro que sobrou após comprar a casa para pagar suas contas mensais. “Estou vivendo assim até o dinheiro acabar, depois não sei como vou viver.
O que ganho não dá para pagar as despesas da casa e os remédios que precisamos usar”, diz. (MA/AAN)

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TEM UMAS COISAS AÍ QUE NÃO SÃO VERDADES, NÃO QUE O JORNALISTA MUDOU E SIM QUE MENTIRAM PARA ELE.
Quem leu meu blog desde o começo vai perceber.

domingo, 9 de dezembro de 2007

 

SOU UMA DAS 24......, QUE, NA REALIDADE, SÃO 12


Publicada em 10/12/2007
Cidades Contaminados enfrentam futuro sombrio
Sem dinheiro e sem emprego, parte de ex-funcionários morreu e parte convive com perspectiva de doenças que ainda virão

Marcelo AndriottiDA AGÊNCIA ANHANGÜERAmailto:ANHANGÜERAmarcelo.andriotti@rac.com.br
Quarenta e oito, até a semana passada.
Esse é o número de ex-funcionários da Shell e da Basf de Paulínia mortos desde 1977.
A conta macabra é feita e refeita pelo grupo que se reúne toda quinta-feira no Sindicato dos Químicos em Campinas. Eles sabem que podem ser os próximos a entrar na contabilidade. Muitos estão doentes e outros torcem para que as substâncias acumuladas em seus corpos não se manifestem.
O grupo faz parte da Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq), que existe há 5 anos e luta para que as multinacionais custeiem tratamentos de saúde dos trabalhadores e seus familiares.
“As substâncias que nos contaminaram se manifestam a médio e longo prazos e podem atingir até a terceira ou quarta geração de nossas famílias”, disse Antonio de Marco Rasteiro, diretor da associação, para a segunda matéria da série do Correio Popular sobre contaminações.
Dos 48 colegas mortos, nenhum tinha mais de 60 anos e muitos foram vítimas de câncer.
Eles ainda não têm as contas fechadas com as causas de cada uma das mortes.
Cerca de 10 ex-trabalhadores morreram vítimas de acidentes, mas nem nesses casos eles descartam ligações com a contaminação. “Eles podem ter passado mal antes dos acidentes”, diz Rasteiro. O que pode parecer exagero, para esses ex-funcionários faz sentido. Eles sentem na pele os efeitos das substâncias químicas que carregam.Além dos contaminados da Shell e Basf em Paulínia, a associação também reúne contaminados em Cubatão, Osasco, Mauá, Rafard e outras localidades onde houve unidades industriais com casos confirmados.
Rasteiro diz que no Estado de São Paulo são 1.822 áreas contaminadas, sendo mais de mil de postos de combustíveis e cerca de 800 de indústrias.
A Shell nega que eles tenham sido contaminados durante o tempo em que trabalharam lá.
“(É) importante destacar que a existência de contaminação ambiental não implica necessariamente em risco ou danos para a saúde das pessoas. Dessa forma, não é possível afirmar que trabalhadores estejam contaminados pelo fato de terem trabalhado em uma instalação onde foi detectada uma contaminação do solo em área restrita”, informou a empresa por meio de sua assessoria de imprensa.
Os trabalhadores dizem que sofreram exposição crônica às substâncias e que as empresas os mantiveram em contato com as elas mesmo depois de fazer a autodenúncia de contaminação, em 1995. “Eles informaram que apenas estava sendo feito um trabalho para diminuir o impacto ambiental e não falavam sobre a gravidade da contaminação”, disse Rasteiro.Ele diz que a contaminação afetou até a edificação onde funcionaram as fábricas. “Já tiraram 626 caminhões de entulho e 450 toneladas de ferragem do local”, afirma. Ainda diz que havia contato direto com as substâncias, pois havia falhas de engenharia e de procedimento no manejo dos produtos.
Ação
O grupo entrou em 2002 com uma ação coletiva pedindo que a Shell e a Basf custeiem tratamentos médicos. Neste ano, o Ministério Público entrou com outra ação e novas negociações foram retomadas há seis meses, segundo o advogado da Adesq, Vinicius Cascone. Ele diz que a ação da associação é apenas para o tratamento de saúde e, pedidos de indenização, devem ser feitos individualmente.
Os trabalhadores afirmam que nunca passaram por tratamento custeado pelas empresas, apesar de apresentarem inúmeros problemas.
Segundo a Shell, todos os ex-funcionários foram convidados para as avaliações de saúde por diversos anúncios publicados no segundo semestre de 2001 nos principais jornais da região, por telegramas e telefonemas. A empresa também afirma que por mais de três anos deixou à disposição dos ex-empregados que trabalharam em sua antiga fábrica uma das mais respeitadas clínicas especializadas em saúde do trabalhador e toxicologia ocupacional para avaliação de saúde. Essa clínica recebeu mais de 250 ex-empregados e realizou cerca de duas mil consultas. A clínica permanecia acompanhando os ex-trabalhadores avaliados, do ponto de vista médico, para aprofundar o diagnóstico e orientar as devidas condutas segundo a Shell.
Sem renda, muitos se tornaram dependentes
Sinval José Ramos, de 50 anos, trabalhou por 24 anos e seis meses na Shell e na Basf. Quando fez exames de perícia em 2002, foi detectado que era portador de hepatite tóxica. Desde lá, ele ficou afastado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), até que em junho teve seu benefício cortado. A perícia do instituto avaliou que ele está apto para voltar ao trabalho, apesar de ele ter determinações médicas de que não pode nem pensar em trabalhar em indústrias químicas.Desde então, quem sustenta sozinha a casa onde vivem com dois filhos é a esposa. Ele chegou a ganhar em primeira instância uma ação indenizatória de R$ 175 mil e mais dois salários mínimos por mês. Mas a vitória foi em primeira instância e a Shell está recorrendo. “Não sei o que fazer, pois sei que não vou conseguir emprego, como o que vem ocorrendo com vários colegas”, disse Ramos.
É o caso de Carlos Henrique Leoni, 46 anos, que trabalhou na Shell entre 1985 e 1998. Ele foi contaminado por metais pesados, sente dores constantes na região do fígado e tem inchaços abdominais. Por dois anos e três meses ele também sobreviveu de rendimentos vindos do afastamento pelo INSS. Mas há seis meses o benefício foi cortado.“Dizem que eu estou apto para trabalhar, mas quando chego nas empresas e passo por avaliações, depois que chegam os exames médicos não sou chamado mais. Eles não dizem o motivo, mas sei que é por causa da contaminação”, diz Leoni. Separado, ele vive com um filho de 17 anos e, depois de vender o carro para pagar contas, está precisando da ajuda da mãe para se sustentar.
Ricardo Luis Mendes Gonçalves, de 45 anos, trabalhou na Shell de 1986 a 2002. Em 1999 foi detectada uma artrose no fêmur e em 2000 uma doença renal. A empresa o encaminhou para tratamento, mas ele continuou trabalhando no período. Exames detectaram metais pesados em seu organismo.Casado e com dois filhos, ele está afastado pelo INSS há cinco anos. Em abril de 2008 voltará a passar por uma avaliação da perícia do instituto e teme ter o mesmo destino de seus colegas que perderam o benefício. (MA/AAN)
Projeto-piloto vai garantir atendimento específico
Um projeto-piloto desenvolvido pelas secretarias de Saúde de Campinas e Paulínia está utilizando uma ferramenta específica para o atendimento de ex-moradores e ex-trabalhadores de áreas contaminadas.
O projeto é o resultado de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado pelas secretarias e Ministérios da Saúde com o Ministério Publico do Trabalho
O objetivo é oferecer atendimento específico a ex-moradores e ex-freqüentadores do Recanto dos Pássaros, além de ex-trabalhadores da Shell, Cyanamid e Basf, levando-se em consideração que são pacientes que tiveram exposição prolongada a diversas substâncias químicas perigosas.
Eles passam por avaliações clínicas e são orientados a informar que foram expostos aos contaminantes específicos todas as vezes que futuramente passarem por atendimentos de saúde.
Com esses dados, será possível observar quais as doenças que estão se manifestando nessas pessoas, a incidência e a possível ligação com as substâncias que contaminaram a região onde moravam, freqüentavam ou trabalhavam.
Os trabalhos começaram a ser desenvolvidos no primeiro semestre e, a partir de outubro, foram convidadas a participar 24 pessoas escolhidas por sorteio.
“Em janeiro de 2008 apresentaremos os resultados desse projeto-piloto e, a partir daí, o SUS (Sistema Único de Saúde) poderá desenvolver seus programas de atenção e vigilância à saúde de populações expostas a contaminação utilizando essa ferramenta”, disse o médico-sanitarista Carlos Alberto Henn, coordenador do grupo técnico do projeto.
Há seis áreas de contaminação no Brasil onde estão sendo desenvolvidos projetos do gênero, mas o de Paulínia e Campinas é o pioneiro e o primeiro em que o sistema está sendo implantado.
A idéia é que as informações estejam disponíveis on-line a todos os médicos do SUS, podendo ser acessadas sempre que esses pacientes precisem de atendimento em qualquer cidade do País. (MA/AAN)



quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

 

FRASE... e fotos...

O MELHOR ATLETA QUER SEU OPONENTE EM SUA MELHOR FORMA.

Os dois extremos da nossa família:- Minha mãe, 87 anos, e meu netinho 1 ano e meio.

...bisavó e bisneto...


MEU NETINHO PELADO!!!


...COM CHOCOLATE!!!


...DE BOCA CHEIA!!!


UMA ROSA ...DO MEU JARDIM...





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